7.09.2009

Sonho...

Levantei-me de manhã e resolvi caminhar sem destino até um monte que se via da minha janela do quarto, ainda por explorar!
Ao iniciar a caminhada, ia-me cruzando com os habitantes que iam cumprimentando conforme era habitual e já tão rotineiro. A estrada até então era empedrada, e junto de cada habitação havia uns canteiros ou vasos de plantas e flores a ordenamentar e a embelezar aquelas ruelas típicas de uma região montanhosa Nórdica.
Terminara a calçada e caminhava então por caminho de terra batida, sob orientação das vistas e do que se avistava do caminho que entretanto se transformava em "carreiro de pé posto"...
Havia uns muros de pedra que separavam pequenos terrenos de hortas e uma ou outra quinta, seguindo por aquele trilho. Nessas quintas haviam animais à solta e outros em sebes de arame e estacas ou por leves riachos que os separavam e evitavam assim que os animais passassem de um lado para o outro. Uma delas tinha também uma pequena ermida, diziam que dedicada a S. João, mas que de facto só quem lá trabalhava conhecia, visto que não havia muita divulgação e servia apenas os que ali viviam na quinta.
Ao longo da estrada ia apreciando o horizonte que se tornava cada vez mais próximo das montanhas e da natureza que a envolvia, com sempre muitos passarinhos pelas pastagens, terrenos e nas árvores... cantando e construindo uma melodia única e de um encanto especial...
Até então o caminho era sem inclinação... mas agora começava a subir encosta cima e estava prestes a deixar de ser tão espaçoso em largura.
Começava a ouvir o som da água que corria... devia de ser de algum nascente, pensava!
Já com alguma altura, voltei-me para ver o que havia ficado para trás! Começava-se a compor uma paisagem inversa aquela que estava há muito habituada, o que não deixava de ser curioso!
A meio havia um moinho de vento que ainda laborava... Por acaso avistei que a porta estava aberta e ao aproximar-me, entrei...
Estava uma senhora já de idade um tanto avançada a desfolhar massarocas de milho... Resolvi sentar-me ali um pouco, até porque ela insistia em querer falar mais tempo e tomarmos algo...
Tinha uma casinha térrea mesmo ao lado, que me disse que era onde vivia nos meses de maior labora, pois agora já só existia o seu moinho a funcionar, quando antes eram cinco. Alguns haviam sido destruídos pelo abandono e degradação da falta de restauro, outros foram mesmo transformados em casas de férias de descendentes de habitantes, que haviam ido fazer as suas vidas para as cidades mais desenvolvidas, fazendo daquele lugar uma residência de férias e para descanso, visto que era um meio-cume muito calmo.
Mostrou-me o seu moinho e explicou algumas coisas sobre o seu funcionamento. Enquanto isso o lume de lenha ia crepitando a lenha de carrasco e aquecendo uma cafeteira grande ja negra por seu uso continuo.
Quando terminou, ordenou que me sentasse num banquinho junto á mesa de madeira bem velhinha e com pequenos buracos do caruncho. Ia falando sobre a sua infância e a vida de outrora e dos maiores problemas com que se ia debatendo no dia a dia para conseguir sobreviver...
Entretanto, preparava uma caneca para colocar o chá e cortava uns bocados de pão que tinha acabado de cozer e ainda estava quentinho, que perservava dentro de um cesto de vime com um pano decorado nos rebordos de bordados aliativos ao ciclo da produção do pão desde o semear ao pão a sair do forno.
Queixava-se essencialmente, de falta de interesse por parte dos mais novos nos trabalhos que ela sempre havia desempenhado e que tanta falta fazia apesar de tudo estar a ser substituido por maquinas... dizia com uma ponta de saudade e nostalgia que se lhe era notório na voz e no tom com que ia falando! E no facto de nao ter familia e se ver sózinha, a meio de um cume sem que alguém lhe notesse a falta...
Conversamos mais um pouco, depois do chá e do pãozinho com um pouco de mel tambem de sua colheita, numa colmeia que possuia nas imediaçoes do moinho, que ajudava à sua alimentação e chegava a vender para o minimercado da aldeia quando lhe sobrava das previsoes já calculadas de muitos anos.
Retomei o meu caminho depois de me fazer prometer que voltaria, na volta para levar um pouco daquele mel e um pãozinho de centeio para casa.
Um pouco mais a cima, e á medida que ia me aproximando, ouvia-se o som cada vez mais intenso de àgua a correr... Havia ali uma nascente, que com o tempo e a força da corrente ja lhe havia sido atribuido um caminho que seguia a boa velocidade cume a baixo, formando um pequeno riacho que agora podia explicar, donde e qual a sua origem a quem para ali nunca se tinha aventurado.
Baixei-me e toquei na correnteza de agua que ia correndo, fresca, limpida que aquando dos obstaculos das pedras que se lhe iam teimosamente mantendo no seu leito, fazia pequenas cascatas que tornavam ainda mais bela a paisagem...
As arvores eram cada vez mais, quanto mais se subia... e tinham um ar antigo, eram de troncos grossos e algumas tinham pequenos orificios onde se viam cabeças de animais... esquilos e outros de passarinhos que tinham encontrado ali seu habitat...
Continua...